Asas da Peste

 Os ventos assobiavam com um chiado cálido sobre a relva, O Castelo Anorak se mantinha impoluto debaixo do manto silencioso da noite, as fogueiras dos vigias queimavam altas como olhos de chamas sobre as ameias da primeira muralha, as sentinelas estavam com olhos de lince em suas guardas de prontidão ao mínimo sinal de mudança e situação, as relvas reclamavam do vento frio que normalmente soprava naquele quadrante de Xária, os homens naquela vigília estavam, mesmo que não manifestassem assustados e receosos, os cavaleiros permanentes da guarda do Castelo Anorak viram naquelas semanas um constante aumento do número do contingente de soldados e aumento gradativo das noticias, das histórias e dos boatos, que embora fossem constantemente aumentados e aqui e ali houvesse incoerências em quantidade e locais os mais sagazes e não tão estúpido sabiam que fosse pelo que fosse aquelas histórias eram espalhadas por medo e por prudência e o eram quem a elas davam ouvidos, pois se murmuravam nas vielas e nos becos das cidades, nos burburinhos e fofocas dos mercados e entre conversas de canto de boca nas longas viagens pelas terras vastas de Xária, falavam de no quarto dia do sexto mês houve um despertar, falavam entre os camponeses que o primo do amigo do meu tio por parte de pai viu uma explosão sobre as montanhas e que do meio do fogo saíram titânicas formas de demoníacos, seres em trajes de monstros e dragões e de quatro indivíduos saídos de raios caídos, nesse ínterim pelas terras surgiam seres nefastos vindos sob a bruma das trevas que rastejavam como hostes de feras e demônios, que no inicio apareciam desconfiados farejando antes do amanhecer, nessa época se houveram disseminando pelos caminhos da pentarquia de saques a vilas e pequenos ajuntamentos, sobre pequenas chacinas e genocídios, julgados inicialmente que seriam apenas saques de piratas e corsários, bárbaros que cansados de seus arquipélagos onde entediados de suas miseráveis existências nas terras de vida curta e felicidade escassa, cercados pelo mar vinham contra Xária para saquear e pilhar, boatos que com o tempo foram alardeando o povo e seus protetores, e em pouco se mostraram mentira, pois cidades grandes, fortes armados e fortalezas guarnecidas começaram a ser atacados e em sua maioria destruídos e arrasados, dos lugares que resistiram, por pouco, antes da definitivas destruição, mandaram noticias de seres nefastos em formas contorcidas, seres sem alma tais quais nunca se haviam ouvido a não ser em histórias para assustar e em contos cantados em tavernas por bêbados, pesadelos parecidos que saídos dos mundos e salas do sonhar para o mundo real para ruínas e tremor dos homens, vindo com esses seres haviam pessoas ou pelo menos que como pessoas se apresentavam, maior comoção se espalhou quando da queda da cidade de Orgrima e de seus altivos soldados em malhas azuis e prateados, ali na defesa do Forte Sulimo e da Torre Alta, caiu o famoso Paladino Gartion, famoso era ele e famosas suas façanhas, pois grande era ele como senhor de guerra e general de tropas. Grande se mostrou nas guerras do inverno e nas batalhas do Somnes, nas lutas no Irvrin e na defesa da ponte de Gulin, o feito de lhe rendeu maiores louvores, pois ele fora apanhado por uma invasão apenas com quatro destacamentos, ele defendeu a ponte por onde se podia invadir Tamilar, Trolls chefiados pro Gurtadan se derramaram sobre os que defenderam a passagem até que os exércitos tivessem tempo de se organizar, tremenda foi à luta e no fim Gartion estava só com sua guarda toda morta a seus pés, postado à frente da ponte, largou o escudo para brandir o machado com as duas mãos, gritava “luz” toda vez que abatia um inimigo e dizem que setenta vezes gritou ele, quando seu
machado já estava todo consumido pelo sangue fumegante das guardas dos trolls de Gurtadan Que o paladino ouviu as trompas do resgate, jogou-se ao rio e nadou até a margem da cidade e foi resgatado, dali viu o exercito que atravessava a ponte apenas para ser dizimado pelos muitos arqueiros do exército, era que o exercito de Gurtadan formava-se de seres cujos corações eram de fogo, mas que se escondiam nas trevas de modo que não podiam atravessar a água e na estreita passagem da ponte seus números davam em nada, assim a cidade foi salva e Talimar permaneceu. Agora o paladino jazia morto sobre o campo da guerra e o único sobrevivente da guarda da torre do rei testemunhou que o paladino embora no auge de sua força e poder mal pode se defender contra quem ele identificou ser o lugar tenente do exercito inimigo, alguém que trazia consigo as pragas do mundo, deixou o paladino de joelhos e sob um manto de mariposas o matou. As noticias dessas coisas alarmaram todos em Xária, Os Senhores dos Cetro mandaram reforçar todas as guardas e redobrar todas as vigias para tentarem resistir e conhecer esse novo inimigo sobre o qual nada sabiam, Para Anorak foi designado o General Rakou e a ordem dos Arcos Lápis-Lazuli que guarneciam e vigiavam naquela noite.
Sem lua estava àquela noite e as estrelas sobre todos brilhavam pálidas e espaças, os soldados tremiam no frio da noite enquanto mastigam as palavras do general mais cedo ditas, ele lhes falava que deveriam se manter firmes, pois não perderiam, mesmo que não soubessem contra o que estavam lutando, lutariam mesmo assim, um soldado lhe questionou que armas usariam contra o que desconheciam, o general lhe respondeu, “A coragem soldado, talvez ela lhe sirva de arma caso sua espada venha a falhar”.
E era chegada a hora que a coragem desses soldados seria testada, tristemente o quinhão dos homens estava em nunca prestar ao que lhes era simples atenção suficiente, pois se entre aqueles homens vigorosos tivesse havido algum que ao divagar sobre a vida e suas dificuldades tivesse contemplado as estrelas teria percebido que como por um manto horrendo elas pouco a pouco foram totalmente engolidas enquanto um zumbido chato tomava o ar, homens reclamavam momento após momento de insetos e mosquitos que pareciam saídos do piso do inferno para atormentá-los, tardia foi à hora em que tocaram a trombeta, pois uma nuvem como que de uma tempestade se assomou sobre as muralhas e derramou-se como onda sobre as ameias e os baixios, os soldados ficaram desnorteados pela surpresa atirando a esmo e espadoando o ar, às vezes acertando seus próprios companheiros e amigos, todos foram pegos no salto, tão de repente quanto surgiu a nuvem foi-se e se espalhou, as nuvens estavam ocultas, mas os homens já podiam ver e disso se arrependeram, pois os que restavam com vida viram dantescamente seus companheiros e colegas mortos, uns dilacerados e rasgados, outros deixados apenas ossos e armadura, comidos e carcomidos, roídos e corroídos como se tivessem sido devorados, lentamente, homens caídos pontuavam as muralhas e as ameias, o pátio e as calçadas e os que sobraram gritavam de horror e espanto, Rakou surgiu incólume e com a espada suja de sangue verde, ele gritou ao homens que se acalmassem, que se detivessem e esperassem ordens.
Um riso contido soou pelo pátio, era melancólico, mas inundado num sentimento de prazer, os arqueiros que ainda remanesciam apontavam seus aguilhões para todas as direções, sem saber ao certo o que procuravam, até que viram outra revoada, perceberam que eram insetos e gafanhotos, que voavam em circulo de modo não natural, outro riso foi ouvido e nos ouvidos
em que soou trouxe medo e arrepios, uma forma como que a de um homem surgiu do meio dos insetos e se mostrou.
Um ser alto trajado de branco e cinza com as sombras a se acerca-lo, usava botas e luvas douradas, trazia uma capa em farrapos, mas trazia uma bela espada a tira colo, uma armadura brilhava sob o sobretudo, sobrenatural era sua face oculta sob uma mascara de madeira com mariposas a revoarem sobre sua cabeça ocultando-a de modo que nem um fio de seu cabelo era visível, horrenda era aquela presença e mais nefasto que o próprio ser era seu escudo, feito de madeira de teixo negro e metal oxidado, no qual se podia vislumbrar de modo assustador a feição da deusa Áclis, senhora da miséria, em um realismo assustador. Ele caminhou até o meio do pátio como que observando a todos e falou com voz rouca e potente.
-Este forte eu agora tomo como meu.
-Sob a autoridade de quem? – Gritou Rakou com a lâmina em riste.
Um riso rouco soou de desmedida volúpia calipgia.
-Homens represados em anéis de pedras, livres de sua própria palavra, incapazes de marchar para onde querem quando querem, tomo esse castelo em meu nome, um homens livre que agora fala a escravos prisioneiros libertos em prisões por eles mesmos guardada.
Uma flecha cravou-se na cabeça do invasor, acertando na altura da têmpora, Rakou sorriu, julgando que o inimigo haverá sido derrotado, fora Gdul, da ordem dos arcos Lápis Lazuli, excelente nas cordas, mas a flecha simplesmente caiu, para assombro dos que estavam lá, o ser olhou na direção do tiro, Gdul estava oculto, o ser apontou sua lâmina e Gdul surgiu, abraçando a própria barriga, cambaleou, vomitava rubro liquido da boca e nariz e caiu a ameia donde mirava. Rakou se admirou, Gdul era audaz, sagaz e sobreviveu a muitas batalhas e mesmo atingindo ao inimigo estava agora morto, sem nem ao menos atirar duas vezes, o General ergueu a espada e cordas foram retesadas, sob a descida da espada flechas voaram sobre o invasor, mas mariposas voaram em redemoinho ao redor dele até encobri-lo totalmente, ocultando-o sendo atingidas em seu lugar.
Quando as flechas terminaram de se precipitar o que restou foram mariposas mortas no chão enquanto o redemoinho girava como se os insetos circundassem uma luz que quisessem roubar, mas quando se dissiparam restou o nada, ele não estava lá, Rakou ficou receoso, girou e olhou ao redor em busca, assomou quando ouviu o riso a sua esquerda e lá estava caminhando como que no próprio jardim, sua espada balançava preguiçosamente, Rakou olhou aos lados e momento após momento mais soldados se amontoavam ao redor e isso lhe trouxe a esperança, pois julgava que o inimigo embora perigoso, não era onipotente.
-Quem é você, que chega sem cortesia e mata sem antes apresentar-se – quis ganhar tempo.
-Meu nome, tai uma coisa que por muito nem eu mesmo sabia, mas lhe direi, sim, direi antes que sucumba.
O inimigo parou e olhou, parecia entediado, inquieto.
-Eu passei muito tempo naquele inferno, agora que estou no mundo exterior pensei que poderiam me garantir alguma diversão, vamos, eu queria enfrentar homens forte e livres que ganhassem por coragem, só vejo ratos amontoados em armaduras que não lhes protegerão dos inimigos que enfrentam, em vão. Pensei que o forte Anorak fosse ser mais bem guardado.
O general, não apenas para continuidade da guarda do castelo, como por também o ser ter acabado de ofender sua vaidade, ordenou o ataque sabendo que seus soldados, por seu treinamento não o questionariam mesmo diante daquele demônio, pois viam como ele via que por serem mais, armados e atacando todos de uma vez havendo também cobertura da arquearia nas ameias com sorte venceriam de pronto, pois aquele inimigo poderia até ser poderoso, mas era ele ainda apenas um só.
Os soldados vendo que aquele era um inimigo agora encurralado acercado por todas as laterais sem chance, pelo menos como achavam, de fuga, avançaram brandindo espada e lanças, mas para seu próprio tormento não foi o que acorreu, pois a espada do inimigo se movimentou serelepe diante dos atacantes e girou no ar com presteza, o sangue do primeiro soldado jorrou no ar quando sua garganta foi degolada, e um após um, os soldados caiam enquanto o inimigo girava, lutava, desviando-se de qualquer arma que dele se aproximasse demais, e pior que só a morte recebiam os que caiam, pois por meio daquela espada maligna a morte chegava àqueles miseráveis em roupagens várias e terríveis que ninguém poderia explicar, homens atingidos caiam trêmulos de febre, amarelados, sangrando pelos olhos e poros, um e outros atingidos de raspão delo terrifico dardo caiam a vomitar-se a defecavam até que sangrassem o sangue que nem mesmo possuíam, as flechas que os Arcos Lápis Lazuli com destreza atiravam eram desviadas, atingiam soldados que o cavaleiro punha como escudo repentinamente para si, ou acertavam insetos e mariposas que controlados por aquele nefasto ser se colocavam por imolação, além do fato que o cavaleiro ao atingir alguém por, seja arte demoníaca ou poder vindo do próprio abismo, fazia sua espada transforma-se em peste e vilanescas colônias de serem que atacavam, carrapatos e formigas, peçonhas e piolhos, ao passo que os soldados ao se verem por essas coisas cobertos e banhados se desesperavam e se enredavam em medo e aflição apenas para morrerem mais facilmente.
Depois de pouco os gritos dos que caiam cessou quando do fato de o punhado de soldados que restava parou de atacar por verem na inutilidade de seus assaltos que lá estava ele, altivo, imenso parecia com a espada que brilhava sob o céu, cuja lâmina refulgia branca como o gelo, silenciosa como a morte, ali ficou a observar os soldados que tremiam e hesitavam continuar, uma outra revoada de flechas lhe molestaram, mas ele não se incomodou, as flechas lhe atingiram no peito, na cabeça e no braço, uma segunda revoada surgiu, mas dessa vez nada o tocou, com habilidade desviou as flechas com sua espada e as que dispunha em rota de seu escudo simplesmente desistiam do voo e caiam a seus pés, inúteis e desprezíveis, o cavaleiro olhou para as ameias.
-Venham à luta, - gritou ele – parem de se esconder.
Um enxame de abelhas saídas de seu escudo o envolveram e ele sumiu, gritos se ouviram no alto e um a um caiam soldados arqueiros das ameias, caiam com baques surdos e metálicos, muitos caiam vomitados e sangrando pelos olhos e bulbonizados, cheios de perebas e cataporas, caiam de ambos os lados.
O ser voltou a surgir do meio de moscas à frente de Rakou que poderia se quisesse estoca-lo e o intentou, mas a presença daquele ser não o permitia e ao olhar para ele viu como algo que se lhe aprecia uma figura em roupas episcopais idumentadas em uma mulher a o encobrir como uma energia.
-Venha general, - disse o cavaleiro. – mostre aos seus comandados que aquele que lhes dava ordem não somente os vê serem massacrados e tenta defendê-los quando vê que nada podem fazer contra alguém que lhes é superior, veja como se tremem, ouço seus ossos daqui, mostre lhes que a coragem lhe habita.
Rakou suava, sabia que aquele que se lhe opunha era lhe maior em poder e em habilidade, mesmo sendo o melhor no manejar ali uma espada, pelo que vira aquele ser por artes maiores do que ele soubera ou conhecia se fazia maior e melhor que ele no intento que almejava, estava ele agora numa situação, que embora meritória, não deixava de ser uma temeria decisão se submeter ao escárnio e peleja, mas ali, não podia recuar.
Sacou a espada e investiu, seus golpes eram rápidos, de um precisão quase cirúrgica, cheios de destreza, mas em momento algum chegou a molestar o corpo do inimigo ou esperançar-se de que tal podia fazer, pois todos os seus ataques, por mais precisos e rápidos que fossem, eram sem problemas desviados, desmontados e reprimidos, percebeu com vagar que aqueles movimentos eram os dos mestres de batalha, ensinados apenas ao paladinos servos da ordem de Santa Agnes e nesse momento se admirou e desesperou sabendo que jamais venceria, mas a derrota lhe veio antes do que imaginara, pois o general estocando um momento antes da hora e tendo o inimigo apercebido disso, teve a mão presa pelo cavaleiro pelo escudo e a mão decepada na altura do pulso, Rakou gritou e caindo de joelhos viveu o suficiente para olhar seu inimigo, este se abaixou e lhe amparando a cabeça sussurrou enquanto flechas atingiam suas costas na esperança de mata-lo e salvar o general.
-Strucker. – Disse, enfiando lentamente a espada no olho esquerdo do general que inicialmente se contorceu de dor e aflição de uma forma horrenda até se imobilizar.
Os soldados nesse momento largaram as armas e se quedaram de joelhos sabedores que estava tudo acabado, que o forte fora por um só tomado, flechas encantadas com feitiços voaram contra ele, mas ele cansado de flechas as parou no ar e as devolveu, matando os atiradores, ele olhou então para os que sobraram, não mais que doze, e libertando sua aura da vingança, os submeteu, os matou ali com crueldade, pois uma figura de uma mulher santa se erguia sobre o nefasto cavaleiro enquanto a imagem da miséria espelhava-se em seu escudo, um somente sobreviveu, um cavalariço que tremia no chão, foi erguido pelo poder do homem, e de olhos fechados tremia erguido no ar como uma criança amedrontada, foi forçado a contemplar a mascara e abrir os olhos pela vontade de quem a vestia, um medo maior que a noite tomava agora aquele homem, contemplou os olhos vazios da mascara ladeada de mariposas, foi solto então e se estrebuchou no chão.
-Saiba que não sobreviverá por mérito seu, por vontade do destino ou favor seja lá de qual divindade, não se salvará por hora por benevolência ou piedade por um inimigo totalmente derrotado, mas pelo motivo de que eu preciso que espalhe minha mensagem, que venho sobre todos os que se me opuserem, e necessito que um corvo vá adiante de mim, - olhou o
cavaleiro ao redor como que em conclusão e disse - afinal, homens mortos não contam histórias.
O cavaleiro guardando a espada pôs a mão na mascara e a retirou, as mariposas revoaram e subiram aos céus, um rosto negro como ébano de olhos castanhos e cabelos presos em tranças sobre o cerne adornavam uma feição bela e horrenda.
-Diga-os quem sou e sob a lamina de quem sucumbirão, diga-os que sou Strucker Pentecost, o cavaleiro da peste da ordem dos quatro cavaleiros do apocalipse.
E o cavaleiro tocou-lhe a testa lá deixando uma marca e lhe olhou nos olhos, sussurrou ao seu ouvido, dessa vez mais dócil.
-Diga-me, você tem por quem luta? Um ideal, uma família, um rei?
O cavaleiro lhe balançou a cabeça tremendo e chorando e gaguejou lhe dizendo da filha e da esposa, moradoras de um vila a pouco tempo dali.
-Pois isso se lhe dará como um pequeno ato caridade, pois ficarei neste forte por um dia, nessa mesma hora de amanhã estarei em marcha com minhas hostes, pegue todos e tudo que lhe for caro e vá o mais longe que puder, saia de Xária se for possível.
Quando o cavalariço deu por si o cavaleiro houvera sumido, ele estava agora só, o vento soprava mórbido trazendo a seu nariz o cheiro fétido de sangue e decomposição, as estrelas brilhavam com um brilho distante, aves de carniça já comiam o que sobrara dos corpos e com os bicos a pingar sangue grasnavam alegres, zombeteiras.
O cavalariço se ergueu de súbito assustado e aliviado, correu até os estábulos e viu todos os cavalos mortos de formas varias e terríveis, cobertos de bulbos e feridas, como que cobertos de chagas e feridas, desfeitos em poças de vômitos e fezes, mas como que por um ato da providência ele ouviu um relincho e se aproximou de um dos estábulos, era spark, um dos cavalos malhados, sem cela-lo nem nada o montou e partiu, da porta o cavaleiro o olhava sorrindo e adentrou o forte lá dentro feras e demônios se acotovelavam gritando e brigando, mais deles saiam de um buraco no chão e por ele ansiavam, um ser metade lagarto metade monstros se esgueirou até ele e se esfregou em sua perna como que a acarinha-lo, ele abaixando coçou a cabeça do monstro que abriu a boca horrenda e cheia de dentes de cuja exalava um hálito imundo.
-Calma em breve, muito em breve vocês correrão livres novamente.
Ele se levantou e a criatura como que tossindo caiu morta a seus pés.
O cavalariço partiu à máxima velocidade mesmo sobre aos protestos do cavalo, de súbito perto do dia se abateu sobre ele uma febre que lhe trouxe uma tremedeira ao ponto de se baterem seus dentes, sua cabeça girava sobre os trotes do cavalo e se não fosse habilidoso no montar e manejar um ser equino e saber como a um controlar teria sido a muito depositado ao chão em acidente para lá ficar na noite até que o cavaleiro da peste sobre ele novamente se abatesse dessa vez para sua perdição e desgraça. Ainda agradecia aos deuses por sua
sobrevivência e salvação julgando que ela se derivou pela misericórdia por um inimigo totalmente derrotado.
Seguiu da melhor maneira que pode em sua lastimável situação até que aos vômitos e febril, chegou à via de visualizar os portões da vila em que crescera e constituíra uma bela família, de fronte ao portão desceu cambaleante ao portão e ao bater neste para que se lhe fosse aberto caiu desmaiado, exausto e doente.
Sonhos terríveis se alastrando como um fétido cheiro em seu perturbável sono repleto de inquietação, cenas de incêndios e gritos permeavam a sua mente, ideias de seres deformados, coisas malditas saídas dos infernos, além das próprias formas do mundo que agora assomadas por forças não naturais caminhavam sobre as terras em formas de desespero e terror, mulheres era devoras e violadas às vistas de crianças e filhos que eram arrebatadas ao cativeiro, mortas e devoradas enquanto os homens, os que podiam pelo menos tentavam em vão pelejar numa fútil tentativa de repelir os inimigos que sobre eles se abatiam como uma negra avalanche de destruição, sem falar dos que não podiam se defender já que a esses cabia apenas cair e perecer sob a custódia das feras que os abatiam sem misericórdia ou exceção.
Ele acordou sobressaltado, suando e com uma compressa sobre a testa, foi rapidamente aparado e acalmado, após hidratar-se e por em local correto cada de seus pensamentos relembrou para próprio tormento o mal que tanto vira, perguntou por sua família e foi informado de sua salutar situação e olhando à fora vendo que o sol ali brilhava se acalmou, mas ao mesmo tempo se afligiu, tirando de si as cobertas sobre os protesto do boticário acerca de sua situação saiu do local onde o haviam depositado em santuário, viu um dia lindo em uma aldeia tranquila, crianças brincavam em liberdade sobre o alvitre de suas mães e anciãos enquanto homens trabalhavam, comerciavam e discutiam as coisas do dia e os métodos e favores e costumes do mundo e da vida que levavam, o cavalariço saiu em direção a casa que era sua e a esposa por quem nutria grande amor, foi no entanto assomado por algo, de repente e de modo inesperado uma tão grande revoada de pássaros vinha em direção à ele, mas algo que lhe trouxe arrepios de um pressagio iminente, pois ao passar sobre sua cabeça os pássaros começaram a precipitar-se ao chão, caiam agora aos montes sobre homens, casas e crianças que a priori os homens e crianças, se sobressaltaram os primeiros e ficaram eufóricos os segundos, mas depois em vista do aumento do número de seres mortos que caiam como uma praga, ambos, os idôneos e os implumes e noviços se temorizaram e correram, mas a maioria não foi longe, pois assim como do céu caiam os pássaros, agora os homens e os infantes caiam ao chão e o cavalariço pareceu colocado em seus pesadelos, crianças gritavam agarrados em suas barrigas e inchavam até explodir banhado os próximos e tingindo-os de rubor e carmim de um tom infernal e muito humano, ele olhou ao redor, estupefato e estupidificado com as roupagens com que a morte agora arrebatava aqueles com quem vivera e crescera e com quem tinha em alguns casos sólidas amizades e irmandade, homens caiam de dor e aflição, cheio de chagas e estigmas, com olhos vidrados num céu encobertos por insetos e enxames, ele ouviu um batida forte no portão, depois outra, e uma voz que pedia para entrar e ao se ver recusado, arrombou-a, ele vinha, a peste dos quatro cavaleiros do apocalipse, acompanhado agora de terrores e tormentos que devoravam os corpos sobre os quais se abateu súbitas pestilências , o cavalariço sentiu uma dor no peito, na cabeça e na barriga e tossindo sangue em grande volume se ajoelhou abraçando o ventre, ergueu a cabeça
para enfim ver o cavaleiro com escudo enviesado em seu braço cujo rosto malfazejo se contorcia como um deformado espelho para os enfermos.
-Eu lhe dei uma chance. Pensei que contaria minha história, vejo que terei de escolher outro.
E sem nada mais dizer cortou-lhe a cabeça.
 Por: Carlos, vulgo Melkor.

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